quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O regime da Venezuela enche seus bolsos com dinheiro do narcotráfico

Por Julieta Pelcastre, Diálogo, 20 de abril de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de fevereiro de 2021.

[Nota do Warfare: As opiniões expressas nessa artigo são de responsabilidade da autora, e não refletem necessariamente àquelas do Warfare Blog.]

Há anos, a Venezuela vem fortalecendo o narcotráfico. O líder da ilegítima Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello Rondón, desempenha um papel decisivo no processo, não só porque é o segundo homem mais poderoso do regime, mas também porque dá proteção política e militar aos crimes do narcoterrorismo, alegou o Departamento de Justiça dos EUA.

Em 26 de março, o procurador-geral dos EUA, William P. Barr, anunciou a acusação de Nicolás Maduro e Cabello (bem como de 13 outros altos funcionários venezuelanos). Os Estados Unidos ofereceram US$ 10 milhões pela captura de Cabello.

“As acusações levarão o regime a se entrincheirar e os que foram formalmente acusados a verem seu destino permanentemente vinculado ao de Maduro”, disse à BBC Mundo Geoff Ramsey, pesquisador da organização não-governamental de direitos humanos Gabinete de Washington para a América Latina (Washington Office for Latin America). “Cabello, como Maduro, não saiu da Venezuela desde que os Estados Unidos começaram a sancioná-los, o que dificulta sua captura”.

Além de denunciar que o regime está inundado de corrupção e crime, o promotor americano disse que os acusados traíram o povo venezuelano e corromperam as instituições do país quando eles encheram seus bolsos com dinheiro de drogas.

Uma reportagem do jornal espanhol ABC indica que Cabello lidera uma rede de contrabando de drogas, minerais e combustível, da qual é o principal beneficiário. Por meio dessa estrutura, “Cabello recebe cerca de meio milhão de dólares por mês, que cada um dos comandantes dos 24 estados venezuelanos lhe entrega em mãos, em um envelope”, diz a ABC.

“Este número deve ser multiplicado por pelo menos três”, disse Daniel Pou, pesquisador associado da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais da República Dominicana, à Diálogo. “Cabello não é apenas o czar do narcotráfico, mas do tráfico de pessoas e de armas e da lavagem de dinheiro.”

Pou disse que Cabello é o homem que lida com todos os aparatos de inteligência, militares e civis. “Embora ele não tenha comando direto sobre as Forças Armadas da Venezuela, ele colocou todos os seus interesses nelas.”

Em seu relatório de 2019, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), que trabalha em estreita colaboração com as Nações Unidas, revelou que grupos criminosos se infiltraram nas forças de segurança venezuelanas e criaram uma rede conhecida como Cartel dos Sóis, que facilita a entrada e saída de drogas ilegais. “As Forças Armadas Bolivarianas controlam a economia do país”, afirma o JIFE.

Membros do 311º Batalhão de Infantaria Mecanizada "Libertador Simón Bolívar" apontam seus fuzis AK-103 durante os exercícios militares da Operação Escudo Bolivariano de 2020 em Caracas, 15 de fevereiro de 2020. (Yuri Cortez / AFP)

O Departamento de Justiça dos EUA acredita na existência de evidências de conluio que remontam a 20 anos entre o Cartel dos Sóis, liderado por Maduro, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para enviar toneladas de cocaína aos Estados Unidos. Cabello, afirma o Departamento de Justiça, participou pessoalmente da entrega de metralhadoras, munições e lança-foguetes às FARC em uma base militar venezuelana.

“A Venezuela se tornou uma grande organização criminosa governamental”, disse à Diálogo Jorge Serrano, acadêmico do Centro de Altos Estudos Nacionais do Peru. “Além do Cartel dos Sóis, dirigido por Cabello nos últimos cinco anos, há mais três organizações que fazem parte do regime e que estão envolvidas em negócios obscuros conduzidos por militares venezuelanos.”

“Em primeiro lugar, a chamada direção, coordenada dentro de uma divisão de trabalho perfeita e macabra, dirigida por Maduro com assessoria cubana; segundo, a corporação síria comandada por Tareck El Aissami, um dos políticos mais próximos de Maduro e um dos dez chefões do tráfico mais procurados dos Estados Unidos; e terceiro, a empresa da família Diosdado Cabello, os cúmplices mais leais da estrutura criminosa, que sabem como funciona esse sistema porque o controlam desde o início”, acrescentou Serrano.

Cabello é o mais perigoso de toda a organização. Ele mantém a fortuna de outros líderes importantes e depois os extradita ou assassina, segundo o jornal independente Venezuela Libre.

“Quando esta ditadura for desmantelada e os acusados começarem a confessar, saberemos das grandes fortunas que eles conseguiram acumular em 20 anos de 'revolução'. Enquanto isso, Cabello e Maduro continuarão arraigados em suas próprias casas, controlando a economia do país com a ajuda das forças militares”, concluiu Pou.

Bibliografia recomendada:

Os Erros Fatais do Socialismo: Por que a teoria não funciona na prática,
economista F. A. Hayek.

Leitura recomendada:

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?, 4 de janeiro de 2020.

Selva de Aço: A História do AK-103 Venezuelano13 de fevereiro de 2021.

FOTO: O fuzil sniper PSL na Nicarágua2 de janeiro de 2021.

GALERIA: Snipers no Forças Comando na República Dominicana3 de novembro de 2020.

FOTO: Sniper com baioneta calada9 de dezembro de 2020.

GALERIA: Armas do golpe militar na Venezuela em 195811 de fevereiro de 2021.

FOTO: Paraquedistas venezuelanos marchando com a sub Hotchkiss14 de fevereiro de 2021.

GALERIA: Operação anti-mineração das forças especiais colombianas11 de setembro de 2020.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Motins em prisões no Equador matam dezenas de presidiários

Fuzileiros Navais equatoriannos guardam a prisão de Guayaquil, no Equador. Motins em três prisões deixaram dezenas de presos mostos no dia 23 de fevereiro de 2021. (Marcos Pin Mendez / AFP)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de fevereiro de 2021.

Motins em três prisões no Equador deixaram pelo menos 62 presos mortos e vários feridos nesta terça-feira, 23 de fevereiro, conforme informaram autoridades equatorianas, em razão da violência entre gangues rivais. A polícia nacional disse no Twitter que o número de mortos chega a "mais de 50" prisioneiros após distúrbios em instalações nas cidades de Guayaquil, Cuenca e Latacunga; nas províncias de Guayas, Azuay e Cotopaxi, respectivamente.

A mídia local informou que prisioneiros foram mortos em ataques com armas e facas. “Esses eram dois grupos que disputavam a liderança criminosa dentro dos centros de detenção”, disse Edmundo Moncayo, diretor da agência penitenciária do Equador. Moncayo disse que pelo menos 62 mortes foram registradas até agora.

As autoridades conseguiram “controlar e restaurar a ordem nos centros de detenção” com a ajuda de mais 800 policiais, acrescentou. No início da terça-feira, o comandante-geral da polícia Patricio Carrillo disse no Twitter que os distúrbios envolveram prisioneiros de alta segurança. “Todas as prisões no momento têm restrições e controles em vigor”, escreveu Carrillo.

 O presidente do Equador, Lenin Moreno, também no Twitter, atribuiu os distúrbios a "organizações criminosas" envolvidas em "atos simultâneos de violência em várias prisões". As autoridades, disse ele, "estão agindo para retomar o controle". Os distúrbios irromperam na segunda-feira à noite (22/02), depois que prisioneiros fizeram os guardas da prisão de reféns. A mídia local informou que várias ambulâncias foram vistas deixando as prisões.

Exterior da Zona 8 do Centro de Privação de Liberdade em Guayaquil, Equador. (Marcos Pin Mendez / AFP)

Ele disse que a polícia, em coordenação com o ministro do Governo Patricio Pazmino Castillo, está trabalhando para retomar o controle das prisões. O governo disse que alguns policiais ficaram feridos, sem dar mais detalhes. Funcionários da prisão conseguiram evacuar durante os distúrbios. Motins e disputas nas prisões entre gangues rivais ocorrem com frequência no Equador. Cinco presidiários foram mortos em uma briga em uma prisão em Latacunga em dezembro. Outros tumultos no mesmo mês elevaram esse número para 11 prisioneiros mortos e sete feridos.

Quando a notícia dos distúrbios foi tornada pública, dezenas de parentes de prisioneiros se reuniram fora das instalações para obter mais informações sobre o que estava acontecendo, disse a mídia local. Imagens e vídeos que circulam nas redes sociais mostram presidiários reunidos no telhado de uma prisão com policiais em motocicletas e carros-patrulha ao redor do prédio.

O comandante da polícia Patricio Carrillo relatou agitação em várias prisões no país sul-americano e disse que "a situação é crítica". O ministro do Interior, Patricio Pazmino, por sua vez, twittou que um posto de comando centralizado foi criado para responder ao que ele disse ser "uma ação concertada de organizações criminosas para gerar violência em centros penitenciários".

O estado de emergência de 90 dias nas prisões do país, ordenado por Moreno para controlar grupos da "máfia" em uma tentativa de reduzir a violência, fora suspenso em novembro. A fim de reduzir o número de prisioneiros em meio à epidemia de coronavírus, o governo comutou as sentenças de pessoas condenadas por delitos menores, reduzindo a superlotação de 42% para 30%. Existem cerca de 38.000 presidiários no Equador, um país de 17 milhões de habitantes. As disputas entre presidiários deixaram 51 mortos em 2020, de acordo com a polícia.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

domingo, 21 de fevereiro de 2021

PINTURA: A Via Sacra de Verdun

"La Voie Sacrée".
(Musée de l'Armée - Invalides)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de fevereiro de 2021.

No dia 21 de fevereiro de 1916, a artilharia alemã abriu fogo contra as fortificações de Verdun, iniciando a batalha mais longa e uma das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial. Durando 9 meses, 3 semanas e 6 dias, o duelo titânico de resistência entre ambos os combatentes terminaria em 18 de dezembro de 1916 com a vitória francesa, seu exército não recuando de Verdun e nem sendo sangrado branco ou destruído.

A sua estratégia de rotação de tropas, apoiadas pelo fluxo ininterrupto de caminhões de abastecimento de homens e material pela Voie Sacrée (Via Sacra) garantiram a vitória.

Mapa do Teatro de Operações.

Os bombardeamentos massivos, seguidos de ataques e contra-ataques pela posse do complexo de fortalezas custaram cerca de 800 mil baixas em ambos os lados, com estimativas de 336.000–355.000 baixas alemãs (cerca de 143 mil mortos) e 379,000–400,000 baixas francesas (163,000 mortos e 216,000 feridos). O épico de Verdun representou a determinação francesa e o microcosmo da destruição e morticínio industrial da Primeira Guerra Mundial.

Verdun: On ne passe pas


Bibliografia recomendada:

The Fortifications of Verdun 1874-1917.
Clayton Donnel e Brian Delf.

Leitura recomendada:

sábado, 20 de fevereiro de 2021

GALERIA: Submetralhadora Hotchkiss Universal no Iêmen

Submetralhadora Hotchkiss "Tipo Universal" totalmente dobrada, Iêmen, agosto de 2019. (Calibre Obscura)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de fevereiro de 2020.

Os bazares do Oriente Médio e Próximo são sempre prolíficos em achados fascinantes de armas exóticas. Das modificações artesanais quase Steampunk do Passo de Khyber, às armas antigas ou raras encontradas por toda a região, o Oriente sempre deslumbra os entusiastas. O canal Calibre Obscura, especializado em armas raras em lugares exóticos publicou no Twitter, em 29 de agosto de 2019, essas fotos da submetralhadora Hotchkiss Universal em um bazar no Iêmen, atualmente em guerra civil desde 2014.
A submetralhadora Hotckiss "Type Universal" (Tipo Universal) é uma metralhadora de mão dobrável para uso de paraquedistas e unidades especiais em missões secretas, portanto, necessitando de uma opção em ambientes que não dispunham de espaço, em uma época onde o salto de pára-quedas era um meio de transporte frequente. O desenho nada ortodoxo da Tipo Universal a torna uma arma incrivelmente portátil à porta de um avião, com apenas 440mm de comprimento quando dobrada em um bloco, mas é complicada e demorada para desdobrar e colocar em uso. Projetada inicialmente para o tiro semi-automático, ela foi modificada para fogo automático para as selvas da Indochina.

O desenho inovador teve seu preço e a Tipo Universal é de construção cara e complicada, exigindo muito tempo para sair da fábrica. Projetada em 1949, perdeu o páreo para a MAT-49, a submetralhadora que se tornaria o símbolo das guerras francesas na Indochina e na Argélia. Apenas a Venezuela e o Marrocos compraram a Hotchkiss Universal em grandes quantidades, e a Venezuela usou a exótica submetralhadora em combate no golpe militar de 1958. O que leva ao questionamento do Calibre Obscura: como que essa Hotchkiss Universal chegou no Iemên?




Vídeo recomendado:

Bibliografia recomendada:

Chassepot to FAMAS:
French Military Rifles 1866-2016.
Ian McCollum.

Leitura recomendada:

FOTO: Paraquedistas venezuelanos marchando com a sub Hotchkiss14 de fevereiro de 2021.

GALERIA: Armas do golpe militar na Venezuela em 195811 de fevereiro de 2021.

Armas vietnamitas para a Argélia14 de dezembro de 2020.

A submetralhadora MAS-385 de julho de 2020.

FOTO: Fuzil Lebel capturado no Afeganistão1º de janeiro de 2021.

GALERIA: Forças Especiais Sauditas no Iêmen15 de novembro de 2020.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

FOTO: Inserção invertida

Operadores especiais do SAJ da polícia sérvia fazendo fast rope (descida com corda) de um helicóptero Eurocopter EC145, fevereiro de 2020.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

FOTO: Paraquedistas sérvios, 18 de janeiro de 2020.

O Chauchat na Iugoslávia, 26 de outubro de 2020.

Israel e Síria trocam prisioneiros em acordo mediado pela Rússia

Soldados israelenses bloqueiam uma estrada que leva à fronteira com a Síria nas Colinas de Golã anexadas a Israel em 5 de março de 2020. (Jalaa Marey / AFP)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 19 de fevereiro de 2021.

Dois pastores sírios foram trocados por uma mulher israelense sob um acordo de troca de prisioneiros na quinta-feira de ontem, 18 de fevereiro, entre o estado judeu e a Síria mediado pela Rússia. Os militares israelenses disseram que os dois foram presos "algumas semanas" atrás, depois de cruzarem a fronteira contestada nas Colinas de Golã ocupadas por Israel.

O exército "devolveu [os] dois pastores aos representantes [do Comitê Internacional da] Cruz Vermelha por meio da passagem de Quneitra, de acordo com uma diretiva do governo israelense", disse o órgão em um comunicado. Os militares não deram mais detalhes sobre a identidade dos homens, mas a agência de notícias SANA de Damasco confirmou a troca, identificando os prisioneiros sírios como Mohamed Hussein e Tarek al-Obeidan.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu confirmou mais tarde que a troca foi mediada pela Rússia, que mantém laços estreitos com o governo sírio e posiciona soldados no país. Agradecendo ao líder russo Vladimir Putin após o acordo, o primeiro-ministro israelense disse que pediu a seu "amigo" que ajudasse "e ele agiu". Netanyahu disse que a jovem israelense - que se extraviou pela fronteira - estava voltando para casa e que seu país libertou os dois pastores como um gesto de boa vontade.

Como parte do acordo, ele disse, uma ativista síria chamada Nihal al-Mokt atualmente cumprindo serviço comunitário teria sua sentença encurtada em três meses. Anteriormente, a SANA havia dito que os dois pastores foram libertados após um acordo conduzido por meio de "mediação russa", que também permitiu a libertação de al-Mokt. Netanyahu na terça-feira (16/02) à noite realizou uma reunião de gabinete de emergência para discutir a situação “humanitária” na Síria.

Solicitado a comentar na quarta-feira, logo após a SANA relatar a troca de prisioneiros, ele chamou isso de “uma questão de vida ou morte”.

“Estou usando meus contatos pessoais com o presidente (Vladimir) Putin para resolver o problema”, disse Netanyahu a uma estação de rádio militar israelense. Israel tomou grande parte das Colinas de Golã da Síria na Guerra dos Seis Dias de 1967 e mais tarde anexou-as em um movimento não-reconhecido pela comunidade internacional.

A Síria jamais aceitou a perda das Colinas de Golã e a existência do Estado de Israel, e os países continuam tecnicamente em guerra.

Israel atualmente realiza ataques aéreos rotineiramente na Síria, principalmente contra alvos ligados ao Irã, que mantém milícias agindo por procuração na Síria. As ações israelenses visam impedir que seu arqui-inimigo consolide um ponto de apoio em sua fronteira norte.

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

Israeli Soldier versus Syrian Soldier.
David Campbell.

Leitura recomendada:


FOTO: Sniper italiano em Sarajevo

Sniper das forças especiais italianas "Col Moschin" com um fuzil M82A1 Barrett calibre .50 em função anti-sniper em Sarajevo, como parte da IFOR, na década de 1990. (Luca Poggiali)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 19 de fevereiro de 2021.

O uso de fuzis pesados para a função anti-sniping foi uma constante das forças da ONU em operações na ex-Iugoslávia durante os anos 90. Sarajevo era conhecida mundialmente por ser infestada de snipers sérvios, com o infame Sniper Alley fazendo manchetes diariamente. As forças de imposição da paz da ONU passaram a montar ninhos de atiradores de elite com fuzis pesados .50 por toda a cidade.

O 9º Reggimento d'Assalto Paracadutisti "Col Moschin" é o regimento de forças especiais do exército italiano, e seu nome deriva do assalto dos arditi do IX Reparto d'assalto (9º Destacamento de Assalto) contra o Col Moschin em 16 de junho de 1918, na Frente do Isonzo. Os austro-húngaros haviam conquistado as elevações de Col Fagheron, Col Fenilon e Col Moschin no Monte Grappa. Em 15 de junho de 1918, um destacamento de 600 arditi sob o comando do Major Giovanni Messe são enviados em regime de urgência para retomá-las. Às 22h do mesmo dia o Vale San Lorenzo, Col Fagheron e Col Fenilon foram retomadas; mas ainda faltava Col Moschin.

Às 7:10h da manhã do dia 16, apesar da artilharia italiana falhar em abrir fogo contra as posições inimigas, os arditi de Messe iniciaram o assalto ao Col Moschin e, depois de 10 minutos de combate corpo-a-corpo, retomaram a colina. Foram feitos mais de 300 prisioneiros e tomadas muitas metralhadoras.


Vídeo recomendado:

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

GALERIA: Lavagem Ghillie na escola de snipers no Fort Benning14 de fevereiro de 2021.

GALERIA: Snipers no Forças Comando na República Dominicana,  3 de novembro de 2020.

GALERIA: Competição Jäger Shot 2020 na Alemanha2 de dezembro de 2020.

GALERIA: Fuzil sniper anti-material improvisado na Síria5 de fevereiro de 2021.

FOTO: O fuzil sniper PSL na Nicarágua2 de janeiro de 2021.

FOTO: Sniper com baioneta calada9 de dezembro de 2020.

FOTO: Posto sniper na Chechênia15 de outubro de 2020.

FOTO: Metralhadora no Isonzo26 de março de 2020.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Novo míssil anti-carro chinês testado durante "exercício de Taiwan"

Por Peter Suciu, The National Interest, 15 de outubro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de fevereiro de 2020.

Pequim vem aumentando a pressão sobre Taipei já há algum tempo.

No início desta semana, o Exército de Libertação do Povo Chinês (PLA) anunciou que havia realizado um teste de um novo sistema de mísseis anti-carro como parte de um chamado "Exercício de Taiwan". O exercício, que foi conduzido em um exercício de desembarque em uma ilha na baía de Bohai no início deste ano, foi divulgado apenas na terça-feira - e possivelmente deveria servir como uma mensagem tanto para Taiwan quanto para os Estados Unidos.

O South China Morning Post informou que uma brigada de foguetes do Comando do Teatro do Norte conduziu o teste de fogo real de uma plataforma montada em um veículo sobre rodas. Pequim não especificou exatamente qual sistema estava envolvido no exercício recente, mas analistas especularam que provavelmente era o HJ-10 (também chamado de Red Arrow-10), um míssil guiado embarcado em veículos.

Foi desenvolvido para combater blindados inimigos, tais como o tanque de batalha principal M1A2 Abrams, de fabricação americana.


“O exercício definitivamente visa os tanques M1A2 Abrams de Taiwan”, disse o analista militar chinês Song Zhongping em Hong Kong ao South China Morning Post. “O PLA percebeu que os avisos por si só são inúteis contra as forças pró-independência de Taiwan, então eles agora estão intensificando os exercícios para a captura da ilha para mostrar que o continente está bem preparado para retomar a ilha a qualquer momento.”

Um ano atrás, Taipei anunciou que compraria o Abrams de fabricação americana e mais hardware em um negócio de US$ 2,2 bilhões - pendente da aprovação do Congresso. A venda incluiria cem tanques M1A2T, quatorze veículos de recuperação de tanques M88A2, dezesseis transportadores de equipamentos pesados M1070A1 e duzentos e cinquenta mísseis antiaéreos Stinger Block I-92F disparados do ombro.

O M1A2T é uma configuração especial de Taiwan do mais recente M1A2Cand do Exército dos EUA, que inclui mais energia elétrica, uma nova unidade de energia auxiliar e um link de dados de munição para projéteis "inteligentes" com fusíveis reprogramáveis.

Taiwan tentou comprar o Abrams por mais de uma década para aumentar sua força de tanques envelhecida. A nação insular continua sendo uma das últimas operadoras do tanque M60 “Patton” da era da Guerra Fria, que Taipei vem atualizando continuamente nos últimos anos.

Além do M1 Abrams

Embora os MBT M1A2T de Taipei sejam provavelmente o que Pequim poderia ter na mira do HJ-10, o sistema de mísseis anti-carro certamente poderia enfrentar os tanques T-72 e T-80 da era soviética atualmente sendo empregados no Vale do Ladakh ao longo da fronteira com a Índia. A China desdobrou os veículos blindados leves todo-o-terreno usados para transportar o lançador de mísseis HJ-10 para a região em agosto, durante o qual um teste de fogo real foi conduzido a uma altitude de 4.500 metros.

Se o HJ-10 conseguiria suportar o frio extremo do inverno é um problema, entretanto, assim como a plataforma do veículo que carrega o sistema antimísseis guiados. No entanto, os testes recentes sugerem que Pequim tem grande confiança na plataforma, seja em um desembarque anfíbio ou em um assalto montanhoso.

Tanto a China quanto a Índia enviaram tropas e veículos blindados para a Linha de Controle Real (Line of Actual Control, LAC) nas últimas semanas, e cada lado aparentemente está se preparando para um longo e frio inverno pela frente.


Peter Suciu é um escritor residente em Michigan que contribuiu para mais de quatro dezenas de revistas, jornais e sites. Ele é autor de vários livros sobre chapéus militares, incluindo A Gallery of Military Headdress, que está disponível na Amazon.com.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

Como evitar uma guerra no Estreito de Taiwan3 de junho de 2020.

A era da lei marcial lança uma longa sombra sobre as forças armadas de Taiwan6 de fevereiro de 2021.

Taiwan disfarça veículos blindados como guindastes e sucatas durante manobras de guerra urbana3 de novembro de 2020.

FOTO: O troll debaixo da ponte2 de novembro de 2020.

O M60 Patton dos EUA é um matador confiável, mas sua velha blindagem é vulnerável15 de setembro de 2020.

Fuzileiros navais da China: menos é mais30 de junho de 2020.

O fim da visão de longo prazo da China6 de janeiro de 2020.

A evolução dos exercícios Vermelho-Azul do PLA10 de novembro de 2020.

VÍDEO: A China tem disputas de fronteira com 17 países26 de setembro de 2020.

Sim, a China estaria disposta a travar outra Guerra da Coréia caso necessário21 de junho de 2020.

Morte do Coronel-Médico Jacques Gindrev: ex-combatente da resistência e de Dien Bien Phu


Por Laurent LagneauOpex360, 17 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de fevereiro de 2021.

Morte do médico-coronel Jacques Gindrey, ex-combatente da resistência e "cirurgião do impossível" em Dien Bien Phu.

Durante 57 dias e 57 noites, no fundo de um túnel escuro, na lama e sob o fogo da artilharia Viet-Minh, ele tratou e operou os soldados feridos de Dien Bien Phu: o coronel-médico Jacques Gindrey. no início de fevereiro. Seu funeral acaba de ser celebrado em particular, anunciou sua família.

Nascido em 23 de fevereiro de 1927 em Thorey-sous-Charny [Côte d'Or], Jacques Gindrey ingressou em uma das seis escolas militares preparatórias [isto é, os filhos de tropa] depois da escola primária. Então vem a guerra. Aluno do segundo ano da Escola Preparatória Militar de Autun, acompanhou as peregrinações desta, que acabou fixando-se em Valence [Drôme] então, em setembro de 1943, no campo Thol, em Ain, onde estava estacionado o 10º Batalhão de Caçadores à Pé (10ème Bataillon de Chasseurs à Pied).

Em maio de 1944, cerca de cinquenta alunos, incentivados por alguns de seus professores, foram para o maquis e formaram o "acampamento Autun", comandado pelo Aspirante Signori, conhecido como "Mazaud". E Jacques Gindrey, que estava mastigando a idéia por vários meses, é um deles. Em 6 de junho, os jovens maquisards sabotaram 52 locomotivas na estação Ambérieu.


No entanto, em 10 de julho, durante uma operação alemã no eixo Neuville-sur-Ain/Cerdon/Maillat, cinco estudantes foram mortos e cinco outros feridos, entre eles Jacques Gindrey, gravemente ferido nas pernas. Com um dos seus camaradas, foi hospitalizado em Nantua e depois em Bourg-en-Bresse, à espera de julgamento. Mas não haverá julgamento. Graças ao coronel-médico Manchet, que falsifica as curvas de temperatura, os dois jovens ficarão acamados até a alta.

Depois da guerra, Jacques Gindrey voltou para sua escola [os alunos maquisards que haviam sido excluídos dela foram reintegrados por ordem do General de Gaulle]. Então, depois de um período no Prytanée, ele decidiu ingressar na Escola de Serviço de Saúde Militar [École du Service de Santé Militaire, ESSM] em Lyon. Depois de um estágio na escola de medicina tropical Pharo em Marselha, embarcou para a Indochina no outono de 1953. Sem demora, e depois de ter trabalhado no hospital Grall em 17 de fevereiro de 1954, foi designado para a unidade cirúrgica móvel [antenne chirurgicale mobileACM] 44 do Major-Médico Paul-Henri Grauwin em Dien Bien Phu. Isso foi um mês antes do início de uma batalha que durará 57 dias.

"Eu fui médico em Dien Bien Phu", escrito por Paul-Henri Grauwin.

O afluxo maciço de feridos que já não podem ser evacuados [tudo o que ostentava uma cruz vermelha foi sistematicamente alvejado, dirá a Coronel-Médico Hantz, que nos deixou em Janeiro] e que tem de ser "classificado", da lama até aos tornozelos, a falta de medicamentos e equipamentos médicos, o rugido dos combates com o risco permanente de ser explodido por um obus... Os médicos e enfermeiras de Dien Bien Phu terão feito o impossível, realizando feitos operativos com os meios disponíveis.

Após a queda do campo entrincheirado, 858 feridos gravemente puderam ser evacuados... Dos 10.000 sobreviventes que foram para os campos de “reeducação” do Viet-Minh, apenas 2.500 sobreviveram às privações e maus-tratos impostos pelos “can bô” [comissários políticos] bem como as doenças [que muitas vezes eram as consequências de tal tratamento]. E Jacques Gindrey fará parte disso. “A guerra é uma ignomínia. A pior das coisas", ele dirá.

Depois da Indochina, ele seguirá sua carreira como médico militar na Argélia e em Madagascar. Depois, após ter deixado o uniforme, vai começar uma segunda vida na Clinique Notre-Dame de Vire, onde fará cirurgias reconstrutivas entre 1971 e 1989. Ao mesmo tempo, cuidará de bons trabalhos, fundando, em Vire, a associação “Entraide et Solidarités”, para ajudar os desempregados.


Cabo de Honra da Legião Estrangeira, o Coronel-Médico Jacques Gindrey foi Comendador da Ordem da Legião de Honra e Oficial da Ordem do Mérito Nacional. Ele também foi titular da:
  • Croix de Guerre 1939-1945 avec étoile de bronze (Cruz de Guerra 1939-1945 com estrela de bronze);
  • Croix de Guerre des TOE avec palmes (Cruz de Guerra dos Teatros de Operações Exteriores com palmas);
  • Croix du combattant volontaire de la Résistance (Cruz do Combatente Voluntário da Resistência).
Bibliografia recomendada:

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada:

A Rússia diz que interceptou dois Mirage 2000 e um C-135FR franceses sobre o Mar Negro


Por Laurent Lagneau, Opex360, 17 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de fevereiro de 2021.

Recentemente, os aviões militares franceses parecem estar se aventurando cada vez mais na região do Mar Negro. Em agosto, um Atlantic 2 [ATL2] da Marinha Francesa, que acabava de participar do 160º aniversário da Marinha Romena, foi interceptado nesta área por um caça Su-27 "Flanker", enquanto, segundo Moscou, estava se aproximando da fronteira russa.

Em outubro, dois Mirage 2000D [o Ministério da Defesa russo informou como "bombardeiros"] também foram abordados por caças Su-27 Flanker em espaço aéreo internacional sobre o Mar Negro. Então, em dezembro, foi um Transall C-160G Gabriel do Esquadrão Eletrônico Aerotransportado 1/54 Dunquerque que foi "capturado pela patrulha", neste caso por um Su-30 russo. Um avião de reabastecimento KC-135 da Força Aérea dos EUA e uma aeronave de inteligência eletrônica RC-135 também foram interceptados no mesmo dia.

E neste dia 17 de fevereiro, de acordo com o Centro Nacional para Gerenciamento de Defesa da Rússia, três aviões militares franceses foram interceptados no Mar Negro.

"Dois caças Su-27 [...] do Distrito Militar do Sul decolaram em alerta para identificar 'alvos aéreos' e prevenir uma violação da fronteira do Estado russo", disse ele. “As tripulações de caça russas identificaram os alvos aéreos como sendo um grupo de aviões da Força Aérea Francesa, consistindo de um navio-tanque KC-135 e dois aviões táticos Mirage 2000. Eles os seguiram até o outro lado do Mar Negro”, acrescentou.

"Assim que os aviões estrangeiros deram meia volta e não se dirigiam mais para as fronteiras da Rússia, os dois caças russos voltaram à sua base", esclareceu o centro, insistindo que a interceptação foi realizada "de acordo com as regras internacionais".

Nos locais de monitoramento de tráfego aéreo, um C-135FR que decolou da base de Istres em 17 de fevereiro, dirigiu-se primeiro para a Alemanha, antes de sobrevoar a Áustria, Hungria e Romênia para chegar ao Mar Negro. No entanto, nenhuma informação sobre a rota dos Mirage 2000 está disponível no momento.

É possível que uma dessas aeronaves, caso se trate de um Mirage 2000D, use a nacela ASTAC, o que permite coletar inteligência de origem eletromagnética, e assim estabelecer uma "ordem de batalha eletrônica" de uma dada zona, como por exemplo a Criméia... Por falta de comunicação da Força Aérea e do Espaço sobre essas interceptações, isto não passa de uma hipótese...

Bibliografia recomendada:

Leitura recomendada:

FOTO: Miragem sobre o Sahel, 6 de dezembro de 2020.

FOTO: Mirage 2000D na Jordânia, 23 de janeiro de 2020.

FOTO: Um Mirage entre dois paredões, 31 de dezembro de 2020.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A DGA realizou uma nova encomenda de 3 mil óculos de visão noturna O-NYX


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de fevereiro de 2021.

A Direção Geral de Armamento (Direction générale de l'armement, DGA) realizou uma nova encomenda de 3.000 óculos de visão noturna O-NYX da Thales, conforme noticiado em 4 de fevereiro. Essa compra demonstra uma satisfação do exército com o OVN O-NYX, que fora adquirido em 2019, com uma encomenda inicial de 3.519 unidades, das quais 3.179 unidades seriam entregues em 2020. A projeção é de 10 mil exemplares sendo entregues até 2025. 

“O Exército Francês é um usuário exigente, com vasta experiência em teatros de operações. O emprego dos primeiros binóculos O-NYX para as forças é, portanto, muito satisfatório para nossas equipes. Este novo produto foi desenvolvido em conjunto com usuários em todas as fases, em linha com a estratégia da Thales de inovação centrada no cliente."

- Benoît Plantier, Diretor de optrônica e eletrônica de mísseis da Thales.

Os binóculos O-NYX apresentam um desenho compacto patenteado que reduz a distância entre os olhos e o centro de gravidade do equipamento, para minimizar a tensão no pescoço e melhorar o conforto do usuário em caso de uso prolongado. Seu peso é de 340g, inferior ao do seu predecessor Lucie que pesa 420g. Confortáveis ​​e simples de usar, esses novos binóculos trazem melhorias significativas em termos de desempenho óptico. O O-NYX tem autonomia de até 40h com bateria ou 25h com pilhas AA de 1,5 volts. Seu campo de visão é amplo, fornecendo 51º em oposição aos 40º anteriores, com um aumento de 70% do espaço observável em comparação ao predecessor, com a finalidade de melhorar a percepção do ambiente pelo soldado, auxiliando a sua mobilidade.

Operador especial do 13e RDP com um binóculo OB70 Lucie.

Com mais de 80 anos de experiência em óptica de ponta e mais de 110.000 binóculos de visão noturna em serviço em todo o mundo, o Grupo Thales capitalizou o feedback de gerações sucessivas de usuários para melhorar a percepção dos soldados durante as missões noturnas; incorporando os últimos avanços em tecnologia de intensificação de luz para fornecer óculos de visão noturna ultracompactos e leves à infantaria.

O programa O-NYX faz parte das iniciativas de substituição de alguns equipamentos individuais (pistolas, capacetes, coletes à prova de balas, etc.) da atual Lei de Programação Militar. Parceira da Thales, a Photonis melhorou o desempenho de seus tubos intensificadores de imagem para o programa francês O-NYX, trabalhando com a DGA e o Exército francês para validar sua tecnologia de tubo 4G de última geração, que aumenta o desempenho óptico em 50-60% em comparação com as soluções existentes.