domingo, 2 de maio de 2021

ARTE MILITAR: Cenas da Guerra da Indochina por Filip Štorch

Arte da capa.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2021.

Exemplos de cenas da Guerra da Indochina (1946-54) desenhados pelo artista tcheco Filip Štorch. O talentoso desenhista é artista conceitual de filmes e tem uma página no site ArtStation, e no site DeviantArt como Skvor.

Essas ilustrações são parte do projeto VIETMINH, de 2018, que é um livro de arte conceitual para um futuro jogo, inspirado em Vietcongum jogo de tiro em primeira pessoa de 2003.

Lançamento de paraquedistas, cena comum na Indochina.

Cenas de patrulha

Patrulha nos arrozais.

Montanhas e espaços abertos.

Uma vila em chamas.

Fortificações

Assalto aproximado do Viet-Minh.

Pequena guarnição na imensidão do arrozal.

Tropas passando por uma torre de vigia. Visão comum no Tonquim. Elas serviam tanto para barrar guerrilheiros Viet Minh quanto pelo medo de uma intervenção convencional chinesa..

Desenho incrivelmente preciso e detalhado das torres de guarda francesas no Tonquim, especialmente no delta do Rio Vermelho. Um arco de 378km de fortificações, à prova de obuses de 155mm, foi construído em grupos de três a seis em torno do perímetro do Delta; um cinturão interno de 56km de comprimento protegia as áreas da base de Haiphong. O programa exigia cerca de 2.950 toneladas métricas de concreto sendo entregue por dia.

Mapa topográfico.

Mais cenas de patrulha

Cachoeira.

Mapa topográfico com o lançamento de pára-quedas.

Templo abandonado.

Equipe de rádio observando o re-suprimento.

Vila vietnamita.

Desenho de armazéns da vila.

Legionários em posição na cachoeira observando os Viet-Minh que abateram.

Personagens

Os personagens principais da arte conceitual pertencem a um grupo de combate (GC) da Legião Estrangeira Francesa.

Sargento François Sauveterre.

Médico Pierre Lachance.

Helmut Dietrich,
veterano alemão da Frente Russa.

Sniper Andrzej Jacek,
veterano polonês da África do Norte com a Legião.

Atirador do GC Nguyen Manh Thinh,
supletivo e guia.

Rádio-operador Daniel Picard,
holandês.

Homem-ponto Quang Ngo Vinh,
supletivo e guia.

Capitão Guillaume Lavoie,
responsável pelas táticas e estratégia.

A unidade é diversa de acordo com a precisão histórica. O grupo tem um alemão veterano da Wehrmacht, que lutou na Frente Russa, enquanto o polonês é veterano da África do Norte pela Legião contra o Afrikakorps. Era e ainda é comum que ex-inimigos acabassem lutando do mesmo lado na Legião. Além dos ex-combatentes alemães afluindo na Legião durante os primeiros anos da Guerra da Indochina, os ex-inimigos alemães lutaram ao lado de soviéticos e até mesmo de espanhóis republicanos que lutaram na Guerra Civil Espanhola; um padrão que continuou na Argélia. Curiosamente, o grupo não tem nenhum tcheco, com o polonês sendo o único eslavo. A arte conceitual, no entanto, lembrou-se de adicionar dois vietnamitas, lembrando que o conflito foi uma mistura de guerra ideológica, guerra colonial e guerra civil, com indígenas apoiando os franceses e lutando contra os nativos comunistas também.

Os protagonistas da Legião interagiriam com locais e com inimigos.

Civis vietnamitas.

Combatentes Viet-Minh.

Exemplos de armamentos usados pelo Viet-Minh e pelos franceses.

Búfalos d'água, onipresentes na Indochina.

Por que a Indochina?

Paraquedistas franceses e vietnamitas do 6e BPC em marcha forçada de Tu Lê ao Rio Negro, no Tonquim, em outubro de 1952.
A arte conceitual representa bem o terreno do Tonquim.

Cena do filme "Dien Bien Phu", um dos filmes mais bem ambientados na história do cinema:


É interessante que um grupo tcheco tenha se interessado pela Indochina, um conflito que teria sido esquecido não fosse a participação da famosa Legião Estrangeira Francesa. Essa mesma Legião contava muitos tchecos e eslovacos combatendo na Indochina, então há uma lembrança no imaginário coletivo nacional sobre a guerra, e especificamente do lado francês - do lado da Legião.

Em 1958, a então Tchecoslováquia produziu o filme Cerný prapor (O Batalhão Negro, IMDb), um drama de 1:30h sobre um legionário tcheco lutando na Indochina. Ele é o jovem tcheco Václav Maly (Jaroslav Mares) que sobreviveu aos campos de concentração alemães da Segunda Guerra Mundial e agora busca por vingança. Tendo sobrevivido ao campo de concentração que viu as mortes de seu pai e irmã, o jovem procura o líder da guarda da SS, Wolf (Hannjo Hasse), que escapou dos Aliados. Ele descobre que o guarda se juntou à Legião Estrangeira Francesa e está lutando na Indochina Francesa. Assim, o jovem se junta à Legião Estrangeira e se voluntaria para a Indochina e, de alguma forma, é designado para a mesma unidade do guarda. Wolf é agora um tenente e líder de pelotão de uma unidade da Legião Estrangeira e os dois pretendem acertar suas diferenças em meio à guerra. O enredo segue uma história real semelhante que ocorreu entre um judeu-romeno e um ex-guarda de ferro (mas isso é história para outro dia!).

O legionário Václav Malý (interpretado por Jaroslav Mareš) com uma carabina americana M1A1 na selva indochinesa.

Um legionário levanta uma mulher apressadamente durante um recuo.
Os legionários são representados no filme como soldados profissionais.

Outra questão interessante é o filme representar o lado francês enquanto a Tchecoslováquia era parte do bloco soviético e, portanto, aliado ao Viet-Minh. E não apenas isso, mas representa os legionários como soldados profissionais, sem inclinações ideológicas, lutando porque devem lutar - "pois é isto que soldados fazem". Trata-se de mais um caso onde a Legião Estrangeira serve como embaixador cultural da França.

Além disso, o diretor Vladimír Cech sabia bem o que são lealdades em constante mudança: nascido em 1914, no Império Austro-Húngaro, vivenciou todas as mudanças até o fim da República Socialista da Tchecoslováquia, e morreu em dezembro de 1992 nos primeiros meses da nova República Tchecoslovaca. Um mês depois da sua morte, em janeiro de 1993, ocorreu a dissolução da Tchecoslováquia, com tchecos e eslovacos criando uma nova mudança política na região.

7554: Glorious Memories Revived,
dessa vez os franceses são os inimigos.

Atualmente, o único jogo ambientado na Guerra da Indochina (1946-54) é o jogo de tiro em primeira pessoa (FPS) vietnamita 7554: Glorious Memories Revived, o primeiro jogo de FPS do Vietnã. Apesar da história ser uma peça de propaganda seguindo a linha oficial do partido comunista vietnamita - ainda no poder -, as traduções ruins das legendas e das capacidades técnicas limitadas do jogo, 7554 pode ser elogiado pela apresentação correta dos uniformes e das armas da época.

O título do jogo é uma alusão à vitória Viet-Minh em Dien Bien Phu: 7554 = 7 - 5 - 1954. Desenvolvido pela Emobi Games, o jogo pode ser baixado de graça no site oficial da desenvolvedora, link.

Tela de menu mostrando os protagonistas Hoàng Đăng Bình, Nguyễn Thế Vinh, Lưu Trọng Hà e Hoàng Đăng An.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard B. Fall.

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

The Last Valley:
Dien Bien Phu and the French Defeat in Vietnam.
Martin Windrow.

Manual de Estratégia Subversiva.
Vo Nguyen Giap.

Leitura recomendada:




A junta do Chade nomeia governo de transição

A foto do folheto do Palácio Presidencial do Chade, tirada em 27 de abril de 2021, mostra o General Mahamat Idriss Déby, líder do TMC do Chade. (Brahim Adji / AFP)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de maio de 2021.

A junta militar que assumiu o poder no Chade no mês passado após o choque da morte do líder veterano Idriss Déby Itno nomeou um governo de transição no domingo, disse o porta-voz do Exército.

Segundo informações da France 24, o filho de Déby, de 37 anos, Mahamat, que assumiu o comando do chamado Conselho Militar de Transição (Conseil militaire de transitionCMT), nomeou um governo composto por 40 ministros e vice-ministros e criou um novo ministério de reconciliação nacional, disse o porta-voz em um comunicado transmitido pela televisão. O novo ministério será chefiado por Acheick Ibn Oumar, um ex-chefe rebelde que se tornou conselheiro diplomático da presidência em 2019.

Embora o principal líder da oposição, Saleh Kebzabo, não tenha sido nomeado para o governo de transição, outra figura da oposição, Mahamat Ahmat Alhabo, será ministro da Justiça, anunciou o porta-voz da junta militar Azem Bermandoa Agouna. Os partidos de oposição rejeitaram a promessa da junta de restaurar a democracia no Chade dentro de 18 meses. No domingo anterior, a junta militar anunciou o levantamento do toque de recolher noturno introduzido após a morte de Déby. O exército disse que Déby morreu em decorrência de ferimentos sofridos em combates com as forças rebeldes no norte do país saheliano no mês passado.


A tensão está alta no país, com os militares dizendo que seis pessoas foram mortas na semana passada durante manifestações na capital N'Djamena e no sul contra a formação da junta. Um grupo de ajuda local calculou o número de mortos em nove. Mais de 650 pessoas foram presas durante os protestos, os quais foram proibidos pelas autoridades.

Os militares disseram que Déby morreu durante combates com rebeldes da Frente para Mudança e Concórdia no Chade (Front pour l'alternance et la concorde au Tchad, FACT) com base na Líbia, que lançou uma ofensiva no dia das eleições em 11 de abril. O anúncio da morte de Déby veio apenas um dia depois dele ter sido proclamado vencedor da eleição presidencial, conferindo-lhe o sexto mandato após três décadas de governo com punho de ferro na ex-colônia francesa.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

Polícia italiana prende ex-policial que lutou como mercenário no Donbass


Por Akulenko OlenaUNIAN, 2 de maio de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 2 de maio de 2021.

Ele está enfrentando acusações de terrorismo.

A polícia italiana prendeu um ex-policial da cidade de Cagliari, Itália, que teria lutado como mercenário pelas forças lideradas pela Rússia no Donbass, leste da Ucrânia. O fato foi relatado pelo serviço de imprensa do Ministério do Interior ucraniano.

"Como parte da operação Lobo Solitário, a polícia italiana rastreou um homem de 50 anos, um ex-policial de Cagliari, que lutou na Ucrânia junto com formações armadas ilegais lideradas pela Rússia contra as forças ucranianas", disse o documento. “Em 2015, ele já foi detido por policiais que investigavam a participação de mercenários italianos em formações armadas ilegais no leste da Ucrânia. O detido não foi responsabilizado, pois alegou não ter atirado em soldados ucranianos”.

Um novo processo criminal foi aberto contra o suspeito, que enfrenta acusações de terrorismo. Ele não tem permissão para sair do país enquanto a investigação estiver em andamento. A polícia já invadiu sua casa. As agências policiais italianas rastrearam várias transferências do grupo terrorista "República Popular do Donetsk" (DPR) para a conta bancária do suspeito. Além disso, foram apreendidos fotos, vídeos, documentos que serão usados como prova.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

sábado, 1 de maio de 2021

VÍDEO: Por que eu escolho a arma

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2021.

Apresentação do General Peter van Uhm, do exército holandês, sobre a importância social das armas, realizada em 30 de janeiro de 2012.

Um detalhe relevante: 4 anos antes, o seu filho, o 1º Tenente Dennis van Uhm foi morto por uma bomba improvisada em uma estrada em Uruzgan, uma província no sul do Afeganistão, em 18 de abril de 2008. O General era então ministro da Defesa e o talibã também capitalizar em cima dessa informação. Ainda assim o general realizou a apresentação; a sua perda irreparável não mudou a sua convicção na importância das armas na sociedade.

Legendas em português brasileiro e lusitano, conforme a conveniência do telespectador.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

VÍDEO: Fuzil PM md. 63, o AKM romeno26 de abril de 2021.

VÍDEO: Lugers da ocupação francesa em 1945, 7 de abril de 2021.

Como vídeos sobre armas de fogo antigas se tornaram um canal de sucesso no YouTube, 10 de março de 2020.

Selva de Aço: A História do AK-103 Venezuelano13 de fevereiro de 2021.

Mausers FN e a luta por Israel, 23 de abril de 2020.



A Turma 31 de Treinamento UDT e os quatro brasileiros

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2021.

Extrato do livro Combat Swimmer: Memoires of a Navy SEAL ("Nadador de Combate: Memórias de um SEAL da Marinha"), do Capitão Robert A. Gormly, que foi SEAL nos anos 60 e lutou no Vietnã. Ele menciona que em sua turma formaram-se muitos oficiais, além de quatro brasileiros.

"A Turma 31 de Treinamento UDT causa de nossa razão extremamente alta entre oficiais e praças; tínhamos mais de trinta oficiais no início, de uma classe total de cerca de cem pessoas. Dessa centena inicial, dez oficiais (incluindo dois brasileiros) e quinze praças (incluindo dois brasileiros) se formaram. Setenta e cinco homens não conseguiram, mas essa é a média do treinamento básico da UDT. Alguns diriam que a alta proporção de oficiais e praças não era boa, mas isso não importava no treinamento básico da UDT, porque todos fizemos as mesmas coisas e dividimos as cargas igualmente. Essa é uma das razões pelas quais os oficiais e praças SEAL têm relacionamentos próximos."

- Captain Robert A. Gormly, USN, Combat Swimmer: Memoirs of a Navy SEAL, pg. 37.

O posto de Capitão na marinha americana equivale ao Capitão-de-Mar-e-Guerra (CMG) no Brasil, equivalente a Coronel. Com 29 anos de serviço ativo, Robert serviu do delta do Mekong à invasão de Granada em 1983, sendo muito crítico da atuação dos SEALs. De comandante de pelotão em 1968 até sua missão como comandante da SEAL Team 6 em 1983, a trajetória Robert se confunde com a história dos SEALs.

Sistema atual das operações especiais da Marinha,
COMANF e GRUMEC.

Bibliografia recomendada:

Guardiões de Netuno:
Origem e Evolução do Grupamento de Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil.
Rodney Lisboa.

Leitura recomendada:

6 fatos selvagens sobre o criador mortal da SEAL Team Six, 25 de fevereiro de 2020.

Christopher Mark Heben ex-operador SEAL da Marinha fala sobre sua vida27 de fevereiro de 2019.

GALERIA: Operadores do GROM no porto de Umm Qasr, 17 de novembro de 2020.

FOTO: SEALs com um designador de alvo laser8 de agosto de 2020.


Pátria: Discurso de Dexippos para os voluntários atenienses após a tomada de Atenas em 267 a.C


Do blog Theatrum-Belli, 19 de maio de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de julho de 2019.

É pela determinação mais que pelo número de homens que o resultado das guerras é decidido. Nós dispomos de uma força que não é desprezível, porque aqui estamos reunidos no número em dois mil e estamos bem cobertos neste lugar que deve ser nossa base para realizar golpes no inimigo, seja atacando grupos isolados, seja montando emboscadas em seu caminho. Assim, obteremos sucessos que aumentarão nossas forças e inspirarão o inimigo com um medo que não será medíocre. Se o exército inimigo avançar contra nós, resistiremos a ele, já que estaremos efetivamente protegidos pela solidez dessa posição e por essa floresta. Nas fileiras dos assaltantes que, faltando uma visão geral sobre nós, vindo de muitos lados, reinará a confusão: eles não poderão se engajar normalmente com os homens da testa, suas fileiras se desintegrarão e, como eles serão incapazes de direcionar seus arremessos assim como seus dardos, seu tiro será ineficaz, enquanto nós, nós os derrubaremos com mais golpes. Abrigados pela floresta, vamos lançar sobre eles, a partir de nossa posição dominante, projéteis que atingirão o objetivo; seremos capazes de agir com segurança, e não será fácil para eles nos infligirem perdas. Quanto ao combate corpo-a-corpo, se é necessário chegar a esse ponto, são os maiores perigos que inspiram o ardor guerreiro mais fervoroso, e enfrentaremos o inimigo excepcionalmente com mais vigor, tornando a eles mais difícil salvar sua vida, tanto é assim que o que não mais esperávamos acontece, enquanto lutamos para conseguir o impossível e isso, impulsionado pela esperança de castigar o inimigo, nós defendemos bens que valem a pena. Nunca antes alguém teve razões melhores para ficar indignado, enquanto nossas famílias e nossa cidade estão no poder do inimigo. Estes também se voltarão contra nossos adversários que, por coerção, fazem campanha a eles, assim que nos vejam atacar, porque encontrarão a esperança de recuperar sua liberdade.

Eu fui novamente informado que a frota do imperador, que não está longe, nos resgatará; com o seu apoio, a nossa ofensiva será irresistível. Além disso, acredito que vamos treinar os gregos para compartilhar nosso ardor. Da minha parte, sem me manter seguro de golpes e colocado em uma situação que não é melhor que a sua, enfrento as mesmas provações pelo amor da coragem e correrei todos os riscos para salvar os bens mais preciosos e não desapontar a estima que a cidade tem por mim. Todos os homens devem finalmente deixar a vida, morrer combatendo pela pátria é a mais bela das recompensas. Se, pelo que alguém lhe disse, alguns de vocês temem o infortúnio em que nossa cidade está mergulhada, que ele acha que a maioria das cidades foi tomada por um inimigo inesperado… Podemos prever que a Fortuna estará conosco. Nossa causa não pode estar mais certa, já que lutamos contra agressores iníquos e, como regra geral, é de acordo com este critério que a Divindade arbitra os assuntos humanos: ela trabalha para aliviar aqueles que estão em infortúnio e para lhes dar uma sorte melhor. É belo penetrar na imagem de nossa pátria como nossos antepassados fizeram, de oferecer pela nossa coragem e nosso amor pela liberdade um exemplo para os gregos e para desfrutar com nossos contemporâneos e da posteridade de uma glória imperecível, mostrando por atos que, mesmo no desastre, a resolução dos atenienses não pode ser prejudicada. Levaremos como lema nossos filhos e nossos bens mais caros, depois marcharemos para a batalha invocando os deuses que nos protegem.”

Bibliografia recomendada:


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FOTO: Reconhecimento Estratégico indonésio

Tontaipur, Pelotão de Reconhecimento de Combate do Comando Estratégico (Kostrad) do Exército Indonésio.

Por Filipe do A. MonteiroWarfare Blog, 1º de maio de 2021.

O Comando Estratégico do Exército (Komando Cadangan Strategis Angkatan DaratKostrad) é um comando de nível do Corpo de exército que tem até 35.000 soldados. Ele supervisiona a prontidão operacional entre todos os comandos e conduz operações de defesa e segurança no nível estratégico, de acordo com as políticas do comandante das Forças Armadas Nacionais da Indonésia. O Kostrad é a principal unidade básica de combate de guerra do Exército Indonésio, enquanto o Kopassus é a elite das forças especiais do Exército Indonésio; o Kostrad como "Komando Utama Operasi" ou Comando de Operação Principal ainda se mantém como a unidade de combate de primeira linha das Forças Armadas Nacionais Indonésias junto com o Kopassus.

Este corpo tem três divisões:
  • 1ª Divisão de Infantaria Kostrad, com sede em Cilodong, Depok, Java Ocidental.
  • 2ª Divisão de Infantaria Kostrad, com sede em Singosari, Malang, Java Oriental.
  • 3ª Divisão de Infantaria Kostrad, com sede em Bontomarannu, Gowa, Celebes Meridional.
O "Pelotão de Reconhecimento de Combate" do Kostrad (Peleton Intai Tempur, abreviado como "Tontaipur") é uma formação de unidade especial do Kostrad em um nível de pelotão para conduzir operações de reconhecimento especial (special recon, SR). Suas informações adicionais sobre o número de tropas e armamento são confidenciais. Foi formado em 2001 e faz parte do Batalhão de Inteligência do Kostrad. Tontaipur foi formada sob os auspícios do então comandante do Kostrad, Ten-Gal Ryamizard Ryacudu. Semelhante a outras unidades especiais das Forças Armadas Nacionais da Indonésia, o Tontaipur é treinado para operações especiais de combate terrestre, aéreo e marítimo.

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FOTO: Os Terríveis Turcos!


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de dezembro de 2019.

Cartão postal dos "Terríveis Turcos", apelido dos Tirailleurs Algérians, os soldados coloniais árabes argelinos, com uniforme de 1914 (antes do uniforme mostarda moderno de 1915).

O apelido de "turcos" é por que os árabes e bérberes da Argélia eram vassalos do Império Turco Otomano até 1830, quando os franceses invadiram e iniciaram a colonização do que viria a ser a Argélia. O tenente brasileiro José Pessôa, pai dos blindados no Brasil, comandou um pelotão de "turcos" em 1918, na Primeira Guerra Mundial.

Extrato do livro Marechal José Pessôa: a Força de um Ideal, páginas 31 e 32.

"Durante a campanha, o Tenente José Pessôa ainda assumiu o Comando do 1º Pelotão [4º na verdade] do mesmo Esquadrão, composto de soldados turcos extremamente agressivos. O espírito do Marechal ficou muito marcado pela causada impressão causada por esses soldados rústicos, verdadeiras máquinas combatentes. Recorda o Brigadeiro José Pessôa a impressão que aqueles soldados haviam causado no Marechal José Pessôa, capazes de, por sua impulsão - no dizer do pai - levá-lo a atos de bravura que sem eles não seria possível realizar. Nesse momento havia orgulho em seus olhos. Outras vezes, havia horror. Como ao lembrar daqueles homens ofertando-lhe, num preito da mais profunda admiração, um fio, do qual pendiam, como em um colar, as orelhas cortadas das cabeças dos inimigos que haviam acabado de vencer, em encarniçada luta corpo-a-corpo.

É de se imaginar aquele jovem Tenente, tão impressionado com o polimento social dos Oficiais franceses e com um profissionalismo guerreiro quase romântico, ao estilo da Cavalaria medieval, plena de regras elegantes e éticas, em presença do insólito presente.

José Pessôa recebeu inúmeros elogios de seus Comandantes franceses: do General H. Lassons, da Divisão de Cavalaria, do Coronel De Fournas, do 4º de Dragões e do Capitão De Vivres, de sua Subunidade."

José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, já como marechal, usando as condecorações francesas da Croix de Guerre 1914-1918 com palma de bronze e a Croix de la Valeur Militaire com estrela de bronze. A palma de bronze é por citação em despachos em nível de exército, a estrela de bronze é por citação em nível regimental ou de brigada.

O 1º Tenente José Pessôa, após treinamento na Academia de Saint-Cyr, foi incorporado ao 4ª Regimento de Dragões.
  • 2ª Divisão de Cavalaria, Lunéville;
  • 12ª Brigada de Dragões, Toul;
  • 4º Regimento de Dragões, Commercy com um destacamento em Sézanne;
  • 1º Esquadrão;
  • 3º Pelotão e comando do 4º Pelotão.
Ele também teve contato com o 503e RAS (Artilharia Especial, tanques) que operava os carros leves Renault FT.


Notícia no jornal Gazeta de Notícias de 5 de novembro de 1918:

A missão Aché
Mais um official condecorado
Ao Sr. ministro da Guerra dirigiu o Sr. general Felippe Aché o seguinte telegramma á condecoração do 1º tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que desde 1917 faz parte da missão Aché, que se acha em França.

"O tenente Pessoa, commandante, no "front", do 4º pelotão de dragões, recebeu uma condecoração de regimento por sua bella conducta, fazendo-lhe seu capitão lisonjeiras referencias. Todos os nossos officiaes no "front" estão prestando magníficos serviços que, creio, serão recompensados com citações e condecorações."

Bibliografia recomendada:

French Naval & Colonial Troops 1872-1914.
René Chartrand.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 30 de abril de 2021

As forças convencionais da Coréia do Sul se fortalecem: a busca por estabilidade estratégica


Por Manseok Lee e Hyeongpil Ham, War on the Rocks, 16 de abril de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 30 de abril de 2021.

Como a Coréia do Sul deve responder ao crescente arsenal de mísseis de ponta nuclear da Coréia do Norte? Alguns argumentam que Seul deveria melhorar suas capacidades convencionais a fim de deter o aventureirismo nuclear de Pyongyang e alcançar a estabilidade na Península Coreana. Outros afirmam que um acúmulo de armas na Coréia do Sul em resposta aos desenvolvimentos nucleares da Coréia do Norte poderia resultar em uma escalada inadvertida da crise.

Em seus recentes ensaios em War on the Rocks e International Security, Ian Bowers e Henrik Hiim apontam corretamente que as forças militares convencionais da Coréia do Sul são de crescente importância para a estabilidade estratégica com a Coréia do Norte. No entanto, eles também argumentam que as forças convencionais da Coréia do Sul estão aumentando a instabilidade na Península. Bowers e Hiim concluem que “se os Estados Unidos desejam garantir que quaisquer iniciativas de desnuclearização sejam bem-sucedidas, pode ser necessário persuadir a Coréia do Sul a realizar reduções de armas convencionais, especialmente no que diz respeito a capacidades ofensivas”.

Nós respeitosamente discordamos. As forças convencionais sul-coreanas desempenham um papel positivo e até mesmo essencial em um contexto de aliança com os Estados Unidos na manutenção da estabilidade enquanto a Coréia do Norte se nucleariza. Nossas perspectivas sobre este assunto são informadas por nossa experiência como oficiais militares sul-coreanos envolvidos no desenvolvimento de teorias e políticas de dissuasão para a aliança EUA-Coréia do Sul. Argumentamos que as capacidades convencionais da Coréia do Sul na verdade fortalecem a estabilidade na Península Coreana, reduzindo as expectativas da Coréia do Norte em relação à utilidade de suas armas nucleares. Como resultado, o desenvolvimento dessas forças convencionais - em cooperação com seus aliados em Washington - ajuda Seul a impedir que Pyongyang alcance seus objetivos estratégicos por meio do aventureirismo nuclear.

Abordagens da Coréia do Sul para dissuasão


As capacidades convencionais da Coréia do Sul foram projetadas para desempenhar um papel central no estabelecimento da postura de dissuasão da aliança EUA-Coréia do Sul e na implementação de uma estratégia anti-nuclear combinada. Essa abordagem está codificada na estratégia de "dissuasão sob medida" anunciada em 2013. Essa estratégia está em sintonia com as características específicas do programa nuclear da Coréia do Norte. Especificamente, é baseado no entendimento de que Kim Jong Un sozinho tem autoridade para empregar as armas nucleares da Coréia do Norte, que os lançadores de mísseis móveis são o principal meio de disparo e que os mísseis da Coréia do Norte estão localizados em túneis profundamente enterrados. Esses recursos podem permitir que a aliança EUA-Coréia do Sul detecte os primeiros sinais de alerta de ataques nucleares, bem como destrua os mísseis durante os estágios de desdobramento e preparação de lançamento. A estratégia é baseada tanto no compromisso dos EUA com a dissuasão nuclear estendida e na construção esperada da Coréia do Sul de forças convencionais, quanto na interoperabilidade dessas forças com os meios militares americanos.

As capacidades militares convencionais da Coréia do Sul no que diz respeito à dissuasão das ameaças nucleares da Coréia do Norte consistem em três elementos principais: o sistema de Defesa Aérea e de Mísseis da Coréia, o sistema de Cadeia de Matança (Kill Chain) e o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia (Korea Massive Punishment and Retaliation). O sistema de Defesa Aérea e de Mísseis da Coréia é um sistema em grande parte nativo de defesa antimísseis em camadas. Embora ainda seja principalmente conceitual e muitos componentes do sistema de defesa antimísseis estejam em estágio de desenvolvimento, as forças armadas sul-coreanas pretendem estabelecer sistemas de alerta antecipado, comando e controle e múltiplos sistemas de interceptação em meados da década de 2020 por meio de investimentos constantes. O sistema de Cadeia de Matança - operado pelo exército, marinha e força aérea - consiste em sensores, mísseis balísticos terrestres / marítimos e de cruzeiro e várias bombas guiadas com precisão. Ele tenta detectar ataques de mísseis norte-coreanos iminentes e permitir que as forças sul-coreanas destruam os mísseis e lançadores do país preventivamente. Por último, o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia envolve o uso de múltiplas capacidades cinéticas e não-cinéticas, incluindo mísseis balísticos e de cruzeiro, bombas guiadas, bombas blecaute e armas de pulso eletromagnético, para atingir as instalações de liderança da Coréia do Norte após qualquer ataque nuclear. Na verdade, o sistema de Cadeia de Matança e o sistema Punição e Retaliação Maciça da Coréia compartilham as mesmas plataformas de armas, embora suas abordagens para usar os meios disponíveis sejam diferentes. Isso representa uma das razões por trás da decisão da Coréia do Sul de integrar o sistema de Cadeia de Matança e o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia em 2019 e expandir os conceitos para o sistema de Ataque Estratégico (Strategic Strike) para facilitar a gestão eficiente de projetos de aumento de força.


As capacidades convencionais da Coréia do Sul reforçam a dissuasão na Península Coreana. Por um lado, o sistema sistema de Cadeia de Matança e o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia representam meios de conseguir a dissuasão por negação, uma vez que os mísseis da Coréia do Sul são capazes de atingir os mísseis e lançadores da Coréia do Norte se os ataques forem iminentes. Por outro lado, o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia visa a dissuasão por meio da punição. O objetivo é transmitir a mensagem de que, se a Coréia do Norte decidir usar suas armas nucleares, todos os participantes do processo de tomada de decisão, incluindo Kim Jong Un, serão removidos. Assim, o sistema de Punição e Retaliação Maciça da Coréia está mais próximo de uma estratégia de contra-força ou contra-liderança do que de uma estratégia de contra-valor.

Antecipando preocupações com relação às forças convencionais da Coréia do Sul


Enquanto a Coréia do Sul acredita que suas forças convencionais são fundamentais para estabilizar o equilíbrio militar com a Coréia do Norte, outros analistas estão preocupados que as medidas da Coréia do Sul tenham o efeito oposto. Bowers e Hiim, por exemplo, estão preocupados com o aumento do risco do uso nuclear da Coréia do Norte, ameaçando a estabilidade estratégica na Península Coreana e fortalecendo o incentivo da Coréia do Norte para possuir armas nucleares.

A primeira preocupação é que, se as forças convencionais da Coréia do Sul forem operadas unilateralmente e preventivamente, isso pode aumentar o risco de uso de armas nucleares pela Coréia do Norte. Embora essa preocupação seja compreensível, a Coréia do Sul não tem incentivo para operar suas forças convencionais de forma independente, unilateral ou sem qualquer consulta aos Estados Unidos. Além disso, dados os vários fatores socioeconômicos envolvidos, um ataque preventivo com risco de retaliação nuclear imporia custos quase inimagináveis à Coréia do Sul, que é democrática com uma economia aberta. Portanto, a preocupação de que as capacidades convencionais aprimoradas da Coréia do Sul aumentem o risco do uso de armas nucleares pela Coréia do Norte é exagerada.


A segunda preocupação é que o acúmulo de forças convencionais da Coréia do Sul possa ameaçar a estabilidade estratégica na Península Coreana. O conceito de estabilidade estratégica envolve duas condições essenciais: estabilidade da corrida armamentista, que indica que nenhum dos lados tem incentivo para se engajar rapidamente no aumento militar; e estabilidade de crise, o que implica que não há incentivo para nenhuma das partes usar a força militar primeiro. Se uma corrida armamentista sempre resulta em uma escalada de crise imparável, o ponto levantado pelos céticos pode parecer razoável. Na prática, entretanto, isso nem sempre é verdade. Por exemplo, se um equilíbrio estratégico e vulnerabilidade mútua forem alcançados após o acúmulo de armas de um lado, ambos os lados podem perder o incentivo do primeiro ataque. O sistema de defesa antimísseis da Coréia do Sul e a capacidade garantida de retaliação permitiriam à aliança EUA-Coréia do Sul responder prontamente e com credibilidade ao aventureirismo nuclear da Coréia do Norte e, assim, desencorajar Pyongyang de escalar uma crise lançando seus ataques preventivos e surpresa, alcançando assim estabilidade estratégica.


A terceira preocupação é que o acúmulo de forças convencionais da Coréia do Sul pode tornar mais difícil convencer a Coréia do Norte a desnuclearizar por meio de negociações. Em outras palavras, mesmo que o governo Biden consiga persuadir Pyongyang de que os Estados Unidos não representam uma ameaça existencial para a Coréia do Norte, as forças convencionais da Coréia do Sul representam um incentivo para que a Coréia do Norte preserve suas armas nucleares. Essa noção parece depender da premissa de que se a Coréia do Sul tomar medidas para se desarmar, a Coréia do Norte poderá ser mais receptiva a desistir de suas armas nucleares. No entanto, as medidas de desarmamento unilateral são inaceitavelmente arriscadas com um oponente tão malicioso e não confiável como a Coréia do Norte. É mais provável que, se a Coréia do Sul reduzisse os planos de modernização da força convencional, a Coréia do Norte optaria por usar uma estratégia coercitiva contra a Coréia do Sul ou mesmo tentar alterar o status quo com base em sua recém-descoberta vantagem militar assimétrica. Tal situação seria um resultado intolerável para a Coréia do Sul e os Estados Unidos.

A contenção militar sul-coreana não convenceria a Coréia do Norte a se envolver em negociações para desnuclearizar. Ao contrário, melhorar suas forças convencionais poderia, na verdade, dar à Coréia do Sul uma vantagem de negociação. As capacidades contra-nucleares e de contra-liderança da Coréia do Sul são fichas potenciais a serem trocados se a Coréia do Norte estiver disposta a negociar por reduções em suas armas nucleares ou no tamanho do Exército Popular da Coréia. Qualquer redução unilateral de armas por Seul será um desperdício de uma troca potencial. Mesmo se a Coréia do Norte eliminasse suas armas nucleares, ainda teria um enorme exército convencional, incluindo mais de um milhão de soldados, corpos mecanizados e divisões de artilharia. A Coréia do Sul tem motivos suficientes para manter suas capacidades convencionais de dissuasão e estabilidade após a desnuclearização.

Dissuasão convencional contra a Coréia do Norte


À medida que as capacidades nucleares da Coréia do Norte melhoram, a questão mais importante para a Coréia do Sul e seus aliados americanos é determinar a melhor forma de impedir Pyongyang de empregar suas armas nucleares. Durante o Oitavo Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coréia, Kim Jong Un revelou suas intenções de separar a Coréia do Sul dos Estados Unidos e reunificar a Península Coreana sob o domínio socialista. Ele planeja fazer isso, em parte, pressionando a aliança por meio do uso de ameaças nucleares coercitivas.

A Coréia do Sul e os Estados Unidos devem trabalhar juntos para convencer a Coréia do Norte de que suas ameaças nucleares nunca terão sucesso. Até o momento, a Coréia do Sul confiou nas forças nucleares da América para dissuadir a Coréia do Norte. No entanto, como observa Brad Roberts, a Coréia do Norte provavelmente aplicaria táticas de “zona cinzenta” - isto é, provocações militares apoiadas por suas armas nucleares que caem abaixo do limite nuclear dos EUA. Se não houver meios de preencher a lacuna entre as capacidades convencionais e nucleares, a Coréia do Norte provavelmente consideraria a ameaça de usar armas nucleares de uma maneira mais agressiva, pois pode erroneamente perceber que os Estados Unidos não interviriam em uma crise na Península Coreana. A ameaça convencional credível da Coréia do Sul, portanto, aumenta os custos esperados das provocações nucleares da Coréia do Norte e reduz a possibilidade de atingir os objetivos políticos e militares desejados por meio do uso de armas nucleares.


Olhando para a Frente


As forças convencionais da Coréia do Sul desempenham um papel positivo na manutenção da estabilidade na Península Coreana. Ao fornecer opções flexíveis e confiáveis para dissuasão, as forças convencionais da Coréia do Sul impedem que a Coréia do Norte cometa um erro de cálculo estratégico e determine incorretamente que o emprego nuclear trará benefícios políticos. Assim, as forças convencionais do país são essenciais para manter a estabilidade estratégica por meio da gestão de crises. As propostas para reduzir as capacidades convencionais da Coréia do Sul na esperança de garantir a desnuclearização voluntária da Coréia do Norte são compreensíveis, dados os perigos do conflito na Península Coreana. Em última análise, entretanto, a restrição unilateral da Coréia do Sul não promoveria os interesses de segurança da Coréia do Sul ou dos Estados Unidos. Em vez disso, Seul e Washington devem trabalhar juntos para reforçar a postura convencional da Coréia do Sul. Isso pode até dar à Coréia do Norte incentivos para voltar à mesa de negociações e se abster de fazer ameaças nucleares. Além disso, é hora de pensar mais seriamente sobre como os países (por exemplo, Austrália, Japão, União Européia, Reino Unido, etc.) que compartilham valores com os Estados Unidos e a Coréia do Sul podem agir coletivamente para evitar o aventureirismo nuclear da Coréia do Norte e ajudar a garantir a estabilidade estratégica na Península Coreana.


Maj. Manseok Lee é atualmente um candidato a Ph.D. na Universidade da Califórnia, Berkeley. Anteriormente, ele foi um pesquisador associado do Center for Global Security Research no Lawrence Livermore National Laboratory. Ele escreveu vários artigos de pesquisa sobre a estratégia nuclear da Coréia do Norte, não-proliferação nuclear e impacto de tecnologias emergentes na estabilidade estratégica.

Cel. Hyeongpil Ham recebeu seu Ph.D. do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ele trabalhou por mais de 30 anos no Ministério da Defesa Nacional da Coréia do Sul, Ministério das Relações Exteriores e Instituto Coreano de Análises de Defesa. Ele liderou a força-tarefa governamental responsável por abordar as ameaças nucleares da Coréia do Norte e desenvolver a estratégia de dissuasão e defesa da Coréia do Sul.

Os autores são especialmente gratos a Brad Roberts e a um especialista no assunto do War On The Rocks pelos comentários perspicazes sobre as versões anteriores deste artigo. Todas as declarações de fato, opinião ou análise expressas são de responsabilidade dos autores e não refletem as posições oficiais ou pontos de vista do governo e exército sul-coreanos.

Bibliografia recomendada:

A Guerra da Coréia: Nem vencedores, nem vencidos.
Stanley Sadler.

The Armed Forces of North Korea:
On the path of Songun.
Stijn Mitzer e Joost Oliemans.

Leitura recomendada:








FOTO: Filipinos na Coréia14 de março de 2020.